Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o televangelista Silas Malafaia disse que a Igreja Universal faz “um jogo estratégico nojento” ao apoiar a indicação do juiz federal Kassio Nunes Marques para o STF (Supremo Tribunal Federal).
Para ele, o escolhido do Presidente Jair Bolsonaro “tem amizade com a turma do PT” e “posição muito dúbia” sobre aborto.
Jornalista: Por que Bolsonaro faz “defesa apaixonada,” como o sr. critica, de um sujeito que não teria a agenda conservadora como prioridade?
Silas Malafaia: Me parece que Lula, Dilma, nunca vi nomearem alguém que seja de uma ala de direita, contra os princípios ideológicos deles. [Kassio Nunes Marques] é desembargador nomeado por Dilma e tem amizade com a turma do PT. Tanto é que um dos mais ferrenhos inimigos do presidente, o presidente da OAB, elogiou Bolsonaro por escolher o cara. Precisa de mais alguma coisa? A tese dele, quando fala de aborto, é uma coisa muito dúbia.
Jornalista: O sr. diz que foi avisado de antemão pelo presidente sobre o primeiro indicado ao STF não ser “terrivelmente evangélico.”
Silas Malafaia: Foi o presidente que falou, dizendo que somos mais de 30% da população, e que o Supremo tem católico, judeu, gente da esquerda: por que não um evangélico?… O presidente disse que vai ser uma segunda [nomeação], a evangélica.
Jornalista: Diz o sr.: “Não podemos ter o culto de personalidade, como a esquerda faz.” Isso ocorre com Bolsonaro?
Silas Malafaia: Tem alguns apoiadores que estão idolatrando o presidente. Isso não é bom nem pra ele. É exatamente o que a esquerda faz. Não crê em Deus, mas faz culto de personalidade. É só ver a história do comunismo no mundo. Apoiar um presidente é salutar, agora, essa idolatria louca de tudo o que ele fala é bom…
Jornalista: O sr. citou o provérbio “quem fere por amor, mostra lealdade; o inimigo multiplica beijos.” Quem são os inimigos de Bolsonaro hoje, no campo aliado?
Silas Malafaia: É pra dizer a Bolsonaro que aquele que é leal fala a verdade. Amigo é o que fala que o outro está com mau hálito. Não acredito que o presidente tenha inimigos dentro do campo aliado, tem é puxa-sacos.
E puxa-sacos é o que não faltam, mesmo entre os que posam de conservadores e são bolsonaristas roxos. Um desses, Abraham Weintraub, disse que conversou longamente com Marques e ficou satisfeito. Um homem que até poucos meses atrás era ministro da Educação deveria ter um faro apurado de pesquisador e investigador em assuntos acadêmicos. Se Weintraub tivesse sido sério, ou tivesse assessores sérios, ele não teria dificuldade de descobrir o que jornalistas investigativos já descobriram: Há sérios problemas no currículo e títulos de Marques.
Mesmo desconsiderando a questão dos problemas de currículo e títulos de Marques, há a sua notório postura não conservadora sobre o aborto, já exposta em meu artigo aqui. Mesmo assim, Weintraub ficou satisfeito com a decisão errada de Bolsonaro. Ele tem razões de sobra para apoiar Bolsonaro em tudo, até nos erros. Ele vive hoje nos EUA como funcionário de salário elevado do governo brasileiro. Embora os brasileiros paguem o salário dele em dólares, o patrão dele é Bolsonaro. Cumpre-se assim em Weintraub o ditado de que todo funcionário é puxa-saco do patrão.
“Eu e o Arthur conversamos longamente com o Dr. Kassio, indicado ao STF, e entendemos as razões da escolha do Presidente Bolsonaro. O Dr. Kassio se comprometeu a seguir as leis e a Constituição, sem ativismo judicial. Novamente, confiamos no Presidente e no sucesso de seu Governo.”
De acordo com Janaína Paschoal, a famosa advogada que requereu com sucesso o impeachment da ex-presidente socialista Dilma Rousseff, em sua dissertação de mestrado Marques disse que “o Judiciário pode ser acionado para fazer frente à maioria conservadora” nos casos de aborto.
Se isso não é ativismo judicial, eu não sei o que é ativismo judicial.
Se Weintraub tivesse se dado ao trabalho de verificar o rastro do candidato, ele teria visto isso e outras coisas. Mas em vez de pesquisar, ele prefereriu bajular. Se tudo o que ele fez no Ministério da Educação foi na base da conversa e bajulação sem investigação, é de admirar que seu ministério tenha lançado uma campanha de astrologia?
A questão de apoio pró-aborto na dissertação de Marques é seríssima, mas Weintraub não deu a mínima. O puxa-saquismo venceu seu “conservadorismo.”
Ao alertar publicamente Bolsonaro de seu erro, o televangelista Silas Malafaia não agiu como puxa-saco. Ele agiu como servo de Deus. Diferente de Weintraub, que posa de conservador e vive de muito dinheiro de impostos, Malafaia não vive de dinheiro de impostos.
Talvez se Malafaia dependesse economicamente de Bolsonaro, inclusive recebendo elevado salário em dólares, ele estivesse condenado a bajular. Mas Malafaia está livre de um patrão e seus interesses, e Weintraub não.
Graças a Deus pela liberdade que Malafaia tem para falar as coisas de Deus. Ele tem falado, aliás, inclusive contra o guru de Bolsonaro e Weintraub, o astrólogo Olavo de Carvalho. Tomara que um dia os dois lhe deem ouvidos.
O ministro da Educação do Brasil recebeu críticas do governo israelense e de organizações judaicas nos EUA e no Brasil por comparar batidas da Polícia Federal contra aliados do presidente Jair Bolsonaro a Kristallnacht — o início da perseguição nazista contra judeus.
“Hoje foi o dia da infâmia, VERGONHA NACIONAL, e será lembrado como a Noite dos Cristais brasileira,” tuitou em 27 de maio de 2020 Abraham Weintraub, cujos avós paternos judeus fugiram dos nazistas.
“Profanaram nossos lares e estão nos sufocando. Sabem o que a grande imprensa oligarca/socialista dirá? SIEG HEIL!” continuou o ministro em seu tuíte, acrescentando uma foto que mostra o boicote às lojas judaicas na Alemanha em 1933.
Kristallnacht, ou a Noite dos Cristais Quebrados, refere-se à perseguição nazista de 1938 que marca o início do Holocausto.
Weintraub nasceu de uma mãe católica e um pai judeu cujos membros da família foram mortos em campos de concentração nazistas. Ele geralmente é confundido com judeu devido ao seu nome, mas, de acordo com a Agência Telegráfica Judaica, ele não se identifica como judeu.
Organizações judaicas nos EUA e no Brasil criticaram duramente seus comentários.
“A comparação é totalmente descabida e inoportuna, minimizando de forma inaceitável aqueles terríveis acontecimentos, início da marcha nazista que culminou na morte de 6 milhões de judeus,” disse Fernando Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil, a organização judaica mais importante do Brasil.
“Basta! O uso repetida da linguagem do Holocausto como arma política por parte de funcionários do governo brasileiro é profundamente ofensivo aos judeus do mundo e um insulto às vítimas e sobreviventes do terror nazista. Isso precisa parar imediatamente,” tuitou o Comitê Judaico Americano, a organização judaica mais importante dos EUA.
Embora o governo Bolsonaro seja aliado de Israel, especialmente porque os evangélicos, a base política mais importante de Bolsonaro, são apoiadores tradicionais de Israel, o governo israelense também criticou a comparação de Weintraub.
O cônsul-geral de Israel em São Paulo, Alon Lavi, disse:
“O Holocausto, a maior tragédia da história moderna, onde 6 milhões de judeus, homens, mulheres, idosos e crianças foram sistematicamente assassinados pela barbárie nazista, é sem precedentes. Esse episódio jamais poderá ser comparado com qualquer realidade política no mundo.”
Com o mesmo tom crítico, a Embaixada de Israel no Brasil divulgou um comunicado:
Houve um aumento da frequência de uso do Holocausto no discurso público, que de forma não intencional banaliza sua memória e também a tragédia do povo judeu, que terminou com o extermínio de 1/3 do nosso povo por ódio e ignorância dos nazistas e seus colaboradores.
Em nome da amizade forte entre nossos países, que cresce cada vez mais há 72 anos, requisitamos que a questão do Holocausto como também o povo judeu ou judaísmo fiquem à margem do diálogo político cotidiano e as disputas entre os lados no jogo ideológico.
Essa é a primeira vez que diplomatas de Israel criticaram de forma pública o governo Bolsonaro. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, viajou ao Brasil para participar da posse do presidente brasileiro em 2019. Na época, Netanyahu disse: “Não temos melhores amigos no mundo do que a comunidade evangélica, e a comunidade evangélica não tem melhor amigo no mundo do que o Estado de Israel.”
Em janeiro de 2020, o secretário da Cultura Roberto Alvim, um adepto de Olavo de Carvalho, foi demitido por imitar um discurso nazista. Na época, o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, falou diretamente com Bolsonaro para expressar a preocupação de Israel com o discurso de Alvim, que havia publicado um vídeo no qual ele fez uso de trechos de um discurso de Joseph Goebbles, ministro da Propaganda na Alemanha de Hitler. Logo depois, Alvim foi demitido.
Houve também outros conflitos entre grupos judeus e o governo Bolsonaro. Em abril de 2020, o Comitê Judaico Americano exigiu um pedido de desculpas do chanceler Ernesto Araújo, que comparou o isolamento social para conter o COVID-19 a campos de concentração nazistas. Foi uma comparação descabida, pois até mesmo Israel usou o isolamento social para conter o COVID-19.
A comparação de Weintraub foi feita depois que em 27 de maio de 2020 a Polícia Federal usou mandados de busca e apreensão contra vários aliados do presidente Bolsonaro como parte de uma investigação sobre ameaças aos ministros do Suprema Tribunal Federal e a disseminação de notícias falsas.
Os aliados políticos foram dignos da comparação de Weintraub? As ações da Polícia Federal afetaram vários indivíduos, inclusive Sara Winter, Allan dos Santos e Bernardo Kuster.
Sara Winter tornou-se conhecida internacionalmente depois que LifeSiteNews, o mais importante site pró-vida católico internacional, publicou uma reportagem em 2015 sobre ela, apresentando sua suposta conversão ao Catolicismo. A reportagem disse:
Sara Fernanda Giromini se tornou conhecida no Brasil e no mundo sob o pseudônimo “Sara Winter” em 2012, quando se tornou membro fundadora da Femen Brasil, e liderou um trio de moças em vários protestos topless que atraíram muita atenção da mídia. No entanto, apenas três anos depois, a jovem ativista fez uma reviravolta e declarou guerra ao feminismo e ao aborto, e está se desculpando com os cristãos por seu comportamento ofensivo.
Ela continua usando seu apelido, Sara Winter, que é a forma portuguesa de “Sarah Winter,” uma apoiadora nazista britânica e membro da União Britânica de Fascistas.
Num vídeo de 27 de maio de 2020, Sara disse que desejaria “trocar soco” com um ministro do Supremo Tribunal e afirmou que esse ministro “nunca mais vai ter paz na vida.” Ela disse:
Você me aguarde, senhor Alexandre de Moraes. Nunca mais vai ter paz na sua vida. A gente vai infernizar sua vida, vamos descobrir os lugares que o senhor frequenta, a gente vai descobrir quem são as empregadas domésticas que trabalham para o senhor… A gente vai descobrir tudo da sua vida até o senhor pedir para sair. Hoje o senhor tomou a pior decisão da sua vida.
Sara Winter é lider do grupo autointitulado “300 do Brasil,” que acampou em frente ao STF. O grupo, cujos membros vestem roupas camufladas parecidas com as roupas do Exército e portam armas, já foi chamado de “milícia armada” pelo Ministério Público do Distitro Federal e Territórios. Faz lembrar um grupo paramilitar.
Em entrevista ao serviço noticioso em português da BBC de Londres, Sara disse que a presença de armas em seu acampamento é “para a proteção dos próprios membros.” A BBC disse:
Sara Winter gosta de publicar fotos segurando armas e diz nas redes sociais que “atira muito bem.”
Ela dá várias versões para os “300 do Brasil.” Ela diz que foi ideia de Olavo de Carvalho, que é o guro dela. Ela também diz, talvez para agradar a grupos diferentes, que o nome foi escolhido baseado nos “300 de Gideão,” do Antigo Testamento da Bíblia. Ela também diz que foi baseado nos “300 de Esparta.”
Sara também dá outras explicações para uma tatuagem em seu ombro de uma cruz de ferro, símbolo germânico que se tornou popular durante o regime nazista e era a principal condecoração nazista de guerra. Sara diz que a tatuagem era uma homenagem aos “cavaleiros templários da idade média,” mas a pesquisadora alemã Carina Book confirmou que é a cruz de ferro.
Sobre o acampamento dos “300 do Brasil” em frente do STF, ela disse: “Quem me pediu pra fazer tudo isso foi o professor Olavo.”
Não é de estranhar então que em 28 de maio de 2020, Olavo pediu a pena de morte para o ministro que pediu a ação da Polícia Federal contra Sara e outros. Mas se ele defende a pena de morte para o ministro que busca tirar o direito de expressão de Sara, então por que ele é o maior negador da Inquisição no Brasil? A Inquisição tirava de suas vítimas não somente seu direito de expressão, mas também suas propriedades e vidas.
Nos treinamentos promovidos por Sara para seu “300 do Brasil,” são proibidos fotos e vídeos e exige-se roupa adequada para um treinamento físico de combate.
Numa foto do “300 do Brasil,” Sara Winter aparece com outros militantes, usando uma máscara de caveira. A máscara é muito popular na Europa e nos Estados Unidos entre neonazistas. “A máscara de caveira virou uma estética universal fascista,” escreve o jornalista Jake Hanrahan no Twitter.
No filme “A Vida de Sara”, um documentário biográfico produzido pela plataforma Lumine, apelidada de “Netflix conservadora,” Sara Winter diz que a FEMEN mandou dinheiro para que ela fosse treinada na Ucrânia e levasse esse treinamento ao Brasil.
No filme, Sara conta que que já se prostituiu e ela aparece atirando e manipulando armas de fogo.
Tal quadro parece problemático para a imagem dos cristãos conservadores que lutam contra a agenda de aborto e homossexualidade.
Entre os apoiadores do “300 do Brasil” estão o jornalista do Terça Livre Allan dos Santos e o psiquiatra Ítalo Marsilli, que declarou em um de seus vídeos que mulheres não deveriam votar pois são fáceis de seduzir. Ele disse:
“Na democracia grega, a única do mundo que funcionou, não estava previsto o voto feminino. Quando o voto passa ser pleno, ou seja, mulheres e todo mundo pode votar, a gente vê que tem uma crise na regência do Estado. É muito fácil você convencer mulher de votar, é só você seduzi-la.”
Na próxima visita de Netanyahu ao Brasil, ele deveria dar um exemplar desse livro a cada membro do governo Bolsonaro. Alguns deles, que seguem Carvalho, acreditam que a Inquisição foi mentira, embora ela tenha também torturado e matado judeus no Brasil.
O que impede Olavo e seus adeptos, que fazem revisionismo descarado da Inquisição, de um dia também fazerem revisionismo do Holocausto? Afinal, as principais vítimas de ambos eram justamente os judeus.
Apesar das repreensões do governo de Israel e de organizações judaicas nos EUA e Brasil, o ministro da Educação Abraham Weintraub não voltou atrás em sua comparação. Aliás, ele a defendeu, em nome da liberdade de expressão. Ele disse em um tuíte de 28 de maio de 2020:
Não falem em nome de todos os cristãos ou judeus do mundo. FALO POR MIM! Tive avós católicos e avós sobreviventes dos campos de concentração nazistas (foto). Todos eram brasileiros. TENHO DIREITO DE FALAR DO HOLOCAUSTO! Não preciso de mais gente atentando contra MINHA LIBERDADE!
Sim, ele tem direito de falar do Holocausto. Mas já que ele tem avós que sobreviveram ao Holocausto, por que ele não condena os sinais de fascismo no movimento que ele está apoiando?
Olavo de Carvalho é o maior defensor brasileiro da Inquisição, que torturou e matou milhares de judeus. Os adeptos católicos de Carvalho apoiam e propagam a radical postura dele de que a Inquisição foi mito e lenda.
Se Weintraub sabe confrontar Israel e os judeus na sua postura teimosa de comparar o Holocausto com as ações da Polícia Federal contra Sara Winters e outros adeptos de Carvalho, por que ele não sabe ou não consegue confrontar Carvalho sobre a Inquisição? Por que ele não sabe confrontar os sinais de fascismo e ocultismo em Carvalho e seus adeptos?
E com relação à sua defesa da liberdade de expressão, essa defesa é total ou limitada? Em 2019, usando mentiras e difamações, Olavo de Carvalho, considerado o Rasputin de Bolsonaro, apelou para que a Polícia Federal me investigasse, num desejo descarado de ver a máquina estatal silenciando minha voz e meus artigos evangélicos contra o ocultismo e a Inquisição. Você pode conferir tudo aqui: http://bit.ly/2RTonDx
Na época, Weintraub nada disse contra o desejo ditatorial de Olavo de me censurar.
Mas hoje Weintraub, confrontando Israel e grupos judaicos, fala contra a Polícia Federal agindo contra uma ativista de apelido nazista treinada na Ucrânia por grupos financiados por George Soros.
Weintraub também defendeu o canal Terça Livre, que defende a Inquisição e já me atacou, xingou e difamou. Confira aqui: http://bit.ly/2eCxaG7
A liberdade de expressão que Weintraub defende é para todos ou somente para quem usa apelidos nazistas e para quem xinga e difama?
Como ficaria um escritor evangélico nessa defesa? Não sei, pois quando Olavo apelou para a Polícia Federal contra mim, não vi Weintraub defendendo liberdade de expressão. Mas o irmão dele, o Arthur Weintraub, que também tem cargo importante no governo Bolsonaro, ao se deparar com um tuíte meu criticando Olavo, me bloqueou no Twitter.
Para eles, até Israel pode ser confrontado. Mas criticar Olavo, o defensor da Inquisição, é inaceitável.
Weintraub busca defender contra o STF Sara e outros na pura lógica de liberdade de expressão, mas o comportamento do grupo de Sara andar armado e seu uso de símbolos tão ligados ao fascismo não seriam sinais de alerta suficientes de que suas ameaças podem acabar se tornando violentas?
Há três fases na história de Sara nos últimos dez anos. Ela estava ligada ao FEMEN no início da década de 2010. Em meados dessa década, ela já estava aparentemente mudada, se tornando uma personalidade católica pró-vida em LifeSiteNews. E há a Sara mais recente, que está ligada a Olavo e treinando um grupo que tem características paramilitares. Essa é uma Sara que usa uma máscara fascista, xinga, usa armas e ameaça ministros do STF.
Como é que Weintraub não confronta isso, mas confronta o governo de Israel e organizações judaicas? Como é que ele encara isso só como mera opinião, não como sinais de perigo?
Com informações de Jewish Telegraphic Agency, Notícias R7, Istoé, Yahoo, CONIB, Correio Braziliense, Estado de Minas, A Publica, BBC, LifeSiteNews, Revista Forum e UOL.
O Ministério da Educação (MEC) deletou de sua conta oficial no Twitter posts de uma campanha de astrologia que mostrava quem é “o estudante de cada signo,” publicados em 14 de julho de 2019.
Nas 12 imagens, uma para cada signo, o MEC tentou criar uma relação entre o perfil do aluno e as características traçadas a partir da interpretação do zodíaco. Contudo, a repercussão da campanha de astrologia na internet enfrentou críticas de internautas sobre a razão do MEC de apresentar de forma tão favorável a astrologia, que baseia a leitura do presente e do futuro pela observação dos astros no espaço sideral. As imagens polêmicas foram apagadas um dia depois.
Além de unir horóscopo aos estudos, o MEC incentivou os estudantes a envolverem outros alunos em sua campanha de astrologia. Num dos posts sobre o signo de Aquário, o MEC perguntou: “Quem é você no horóscopo do estudo? Aproveite e marque seus amigos!”
Para o signo de Virgem, o MEC disse que os “astros da educação” indicam uma personalidade voltada para a organização, com estudos planejados de acordo com os dias da semana.
“Estudo tem horóscopo? Acho que isso é coisa butada pelo horóscopologo que mora nos EUA. Uma pena o ministério da educação ter feito essa opção.”
“Que lixo é este? Aquele charlatão quer tornar nossas crianças e estudantes em ocultistas? @PastorMalafaia é este governo que a bancada evangélica esta dando apoio?”
“Parem com essa pseudociência, valorizem a ciência nacional.”
“Astrologia e signos são a total negação da ciência. Então, acho totalmente incoerente o Ministério da Educação publicar algo relacionado a isso.”
Embora Olavo de Carvalho negue envolvimento hoje com astrologia e muitas vezes esconda seu passado e livros sobre astrologia, tudo o que ele toca se torna astrológico.
O Ministério da Educação, que ineditamente promoveu essa escandalosa campanha de astrologia, é dirigido “coincidentemente” por um adepto de Carvalho.
Além de negar ou esconder suas questões astrológicas, outro subterfúgio que Carvalho usa para desconversar suas conexões astrológicas é acusar os outros do que ele faz. Mais cedo neste ano, ao ser chamado de astrólogo por Silas Malafaia, o maior televangelista do Brasil, Carvalho rebateu dizendo que Lutero e seu assistente Philip Melanchthon criam muito mais em astrologia do que ele crê.
Entretanto, ele negando ou não, os frutos sempre aparecem através dos próprios alunos dele, seja uma professora em sala de aula ou um ministro da Educação.
O novo ministro da Educação Abraham Weintraub prometeu que no governo Bolsonaro haverá muito mais creches do que no governo Lula e Dilma.
Ele disse: “Nosso plano de governo prevê a educação básica como prioridade e é isto que vamos seguir. Mais creches e mais crianças alfabetizadas.”
O conceito de creche — de afastar a criança da mãe o mais cedo possível — é um conceito adotado, defendido e amplamente praticado no socialismo.
Quando eu ouvia Lula e Dilma falando de ampliar o número de creches — de afastar as crianças de suas mães —, eu buscava alertar. Com Lula e Dilma, o Brasil teve um grande e horroroso aumento no número de creches.
Contudo, eu esperava de um governo suspostamente direitista que houvesse incentivos para as mães ficarem com seus filhos em casa para cuidar deles e educá-los. Por isso, foi uma surpresa total ler que Weintraub pretende aumentar mais ainda o que Lula e Dilma já haviam aumentado.
Nos governos Lula e Dilma, aumentar o número de creches representava a implementação de um ideal socialista. Para Weintraub e o governo Bolsonaro, que se julgam direitistas, aumentar creches significa o quê? Socialismo de direita? Estatismo de direita? Sem mencionar que todos os tipos de abuso, inclusive sexual, acontecem em creches.
Votei em Bolsonaro para, por exemplo, eliminar a lei de Lula que obriga crianças de 4 anos a ir para a escola. Ao fazer essa lei, Lula anunciou que ele estava usando o modelo da China comunista. Mas nem Weintraub nem o governo Bolsonaro disseram que vão eliminar essa lei comunista.
No caso de Weintraub, é uma questão ainda mais problemática porque ele tem sido apresentado pela mídia como um homem que detesta o socialismo. Ele disse: “O socialista é a Aids; e o comunista, a doença oportunista.”
Para um homem que detesta o socialismo, qualquer iniciativa de afastar ainda mais as crianças de suas mães seria vista como “AIDS ou doença oportunista.”
O direitista genuinamente contra o socialismo faria exatamente o contrário de um socialista: Implementaria iniciativas para aproximar e solidificar o contato entre crianças e pais.
A escritora americana Mary Pride, que é líder do movimento de educação escolar em casa nos Estados Unidos, citou que Platão, ao apresentar a sociedade socialista ideal, disse:
“Na sociedade ideal… não há papel doméstico como o da dona-de-casa. Já que a ‘procriação planejada’ e AS CRECHES reduzem ao mínimo a imprevisibilidade da gravidez e o tempo que as mães são obrigadas a gastar na gravidez e na criação dos filhos, o papel delas como mães não mais é algo que necessite tempo integral. Portanto, as mulheres não poderão mais ser definidas em seus papéis tradicionais.” (De Volta Ao Lar.)
A Federação Internacional de Planejamento Familiar, que é a maior organização de aborto do mundo e tem o apoio da ONU, propôs as seguintes estratégias para reduzir o tamanho da população mundial e para que os casais tenham menos filhos: Aumento do homossexualismo; estabelecimento de creches; leis que levem as mulheres a trabalhar fora.
Tudo isso é socialismo. Tenho tido, há mais de 30 anos, facilidade para identificar essas e outras estratégias socialistas porque tive uma excelente formação conservadora. Leio livros conservadores evangélicos americanos (em defesa do homeschooling, da Bíblia, de Reagan e contra o comunismo) desde a década de 1980.
Por que então Abraham Weintraub não conseguiu identificar que aumentar o número de creches significa aumentar o poder do socialismo? Qual é a formação dele? O site Intercept classifica Weintraub como “um discípulo de Olavo.” Essa formação parece lhe ter dado pouca visão de como identificar o socialismo na prática.
Aliás, ele não foi nomeado como ministro da Educação por ter experiência nessa área, mas porque ele é discípulo de Carvalho e porque o Presidente Jair Bolsonaro, em quem votei, escolheu Carvalho como seu Rasputin pessoal. Seguir o Rasputin tem trazido alguns desastres governamentais. Primeiramente, por indicação de Carvalho, Bolsonaro informou em novembro do ano passado que nomearia Ricardo Vélez como ministro da Educação.
O raciocínio de Bolsonaro parece ser: Se um olavista no ministério da Educação provocou desastres, traga outro olavista para tentar tudo de novo.
E o raciocínio de Weintraub parece ser: Se os socialistas Lula e Dilma fizeram creches socialistas para doutrinar crianças no socialismo, eu vou fazer mais creches socialistas de direita para doutrinar crianças no socialismo de direita.