>A noite se aproxima

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A noite se aproxima

Melanie Phillips

Eu já escrevi a respeito dessa ameaça que se aproxima no horizonte, mas a recente proposta da ONU de criminalizar a “difamação de religião” é uma inescrupulosa ameaça à liberdade de expressão. Tal como informa o UN Watch, uma resolução distribuída aos países islâmicos definiria qualquer questionamento do dogma islâmico como uma violação dos direitos humanos, o que intimidaria vozes discordantes e encorajaria a imposição da sharia (estrita obediência do código religioso islâmico).

Ainda que não-obrigatória, a resolução constitui uma perigosa ameaça à liberdade de expressão no mundo inteiro. Ela baniria qualquer coisa que fosse percebida como ofensa à sensibilidade islâmica, classificando-a como uma “séria afronta à dignidade humana” e uma violação da liberdade religiosa. A resolução pressionaria os Estados membros da ONU — nos “níveis local, nacional, regional e internacional” — a erodir as garantias de liberdade de expressão existentes em seus “sistemas legais e constitucionais”. É um texto orwelliano, que distorce os significados de direitos humanos, de liberdade de expressão e de liberdade religiosa, marcando um gigantesco retrocesso para a liberdade e a democracia em todo o mundo.

Os primeiros a sofrer serão os muçulmanos moderados nos países que estão por trás dessa resolução — ou seja, Irã, Arábia Saudita, Egito e Paquistão, que buscam legitimação internacional para as leis relativas à blasfêmia sancionadas por esses países; leis cujo efeito é sufocar a liberdade religiosa e tornar ilegais as conversões do Islã para outras religiões. Os próximos a sofrer em resultado dessa perseguição sancionada pela ONU serão os escritores e jornalistas no Ocidente democrático, pois a resolução tem também como alvo a mídia, pela sua “deliberada visão estereotipada das religiões, de seus adeptos e das pessoas sagradas”.

Em última análise, é a própria noção de diretos humanos individuais que está em jogo, já que os patrocinadores dessa resolução não buscam proteger indivíduos de algum mal, mas em vez disso, buscam proteger e isolar um conjunto específico de crenças de qualquer questionamento, debate ou inquirição crítica.

Considerando que os países islâmicos dominam o Conselho de Direitos Humanos da ONU, há pouca chance de que essa resolução não seja aprovada. Eis mais uma demonstração do fato de que a ONU, tida pela mente progressista ocidental como a guardiã dos direitos humanos, é, na verdade, a sua mais persistente inimiga.

Publicado originalmente no Spectator.co.uk/melaniephillips em 12/03/2009

Tradução: Henrique Paul Dmyterko

Fonte: Midiaamais

Adaptação e divulgação: www.juliosevero.com

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